quinta-feira, abril 27

O outro Algarve

Nave do Barão-Loulé

Depois de quarenta dias de Quaresma,vem a Páscoa, cheia de borregos ou cabritos, amêndoas, troncos, folares e outros excessos gastronómicos.Pois nada melhor para nos redimirmos dos prazeres da boca, do que colocarmos a mochila às costas e partirmos durante 4 dias à descoberta de um Algarve profundo.
Chegados a terras de Mouros, percorremos caminhos por serras e falésias dum Algarve, que poucos conhecem, pois as auto-estradas por lá não passam e os roteiros turisticos encaminha-nos, para paragens mais costeiras.Encontámos aldeias que dada a sua localização interior e portanto sem aparente objectivo comercial, outrora tiveram as suas gentes e os seus costumes mas que há muito foram ficando esquecidas, abandonadas e em ruinas.Começam agora, aqui e ali, a ser recuperadas por aqueles que de paises bem distantes vêm em busca de paz e da natureza, dando valor a coisas que outros não compreendem.

Sábado dia 22 de Abril.

Iniciámos este primeiro passeio na Nave do Barão, concelho de Loulé e freguesia de Salir,aldeia pacata em pleno barrocal Algarvio e virada para uma interessante formação geológica que lhe dá o nome.O percurso desenrola-se à volta desta formação passando pelas aldeias da Portela da Nave,Covões e Nave das Mealhas, depois de subir ao Picavessa regressámos ao ponto de partida.
Foram 12 km percorridos no inicio, debaixo de alguma chuva, (que o algarve não é só Sol), mas com boas paisagens e à descoberta de várias espécies de flores, que nesta altura do ano predominam por esses campos fora,como por exemplo a papoila do ópio(iamos ficando todos marafados).

Domingo 23 de Abril.

Voltámos à serra, desta vez ao interior da Serra do Caldeirão.Começámos nas Casas Baixas, a dois kilómetros do Cachopo, Concelho de Tavira seguimos por entre herdades de sobreiro e áres reflorestadas com pinheiro manso e por entre veredas e corta-fogas chegámos à Amoreira,um pequeno aglomerado de casas com quintais e hortas tradicionais.Seguimos na direcção do marco geodésico do cerro do Bicudo, a partir daqui a paisagem torna-se deslumbrante com as encostas cobertas de estevas floridas, medronhos, pinheiros e azinheiras.A serra desenha curvas e pontos panorâmcos até alcamçarmos a ribeira de Odeleite, local onde existe uma amesedação que convida a um já merecido almoço.Logo a seguir encontramos o Grainho onde podemos continuar a apreciar o mosaico de casas e hortas que sobressaiem da paisagem outrora cerealifera e da qual só restam as ruinas dos moinhos de vento.A partir daqui o nosso caminho eleva-se numa suave mas longa subida até aos moinhos velhos junto à aldeia do Passa Frio.Agora por caminhos mais calmos ladeados de fontes e ribeiros com o cheiro do rosmaninho e das estevas regressamos às Casas Baixas.

Segunda-feira 24 de Abril.

Depois de dois dias de serra, era altura de saborear o cheirinho da maresia e regalar a vista nas belas falésias da costa vicentina.
Comecámos na praia do Castelejo e ascendemos por um bem marcado trilho,que nos leva ao antigo posto da Guarda Fiscal.Daqui continuamos para Sudeste, em direcção ao marco geodésico da Torre de Aspa, onde inflectimos para Este, para poucos metros depois apanharmos um percurso sinalizado pela Câmara de Vila do Bispo, que nos leva por entre veredas bem cheirosas, até a uma ribeira onde as suas águas repousam num pequeno lago.Umas mesas e bancos de madeira esperam por nós à sombra de pinheiros e abetos e convidam-nos para uma pequena refeição.Depois desta pequena pausa seguimos na direcção da costa, onde podemos avistar do cimo dum promontório para Norte, uma boa parte da magnifica Costa Vicentina.Enfim mais um fantástico passeio que nos deixa já com água na boca para uma próxima escapadela de 3 ou 4 dias.

Graça Leitão

Mais fotografias brevemente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que grande escapadinha...
Dessas vale a pena, assim a minha tia não cai tanto.
Para avisar os interessados que já enviei os percursos da figueira da foz ao vaz costa.

Um pé

Pézinhos